Parceria de Samir Trindade vence a disputa de samba na Unidos de Bangu - Foto: Divulgação

Vitória da Parceria de Samir Trindade Faz Brotar em Bangu as Raízes do Samba

Vermelha e Branca da Zona Oeste escolhe samba em final emocionante.

O carnaval de 2018 resgatou a importância do olhar crítico das escolas sobre demandas da sociedade. O potencial de diálogo com a comunidade e com o espectador despertou uma tendência para o próximo carnaval, quando algumas agremiações irão se valer de sua capacidade artística para levantar questões sociais.

Nessa linha, os carnavalescos Alex de Oliveira e Edson Pereira planejaram para a Unidos de Bangu um argumento de combate à fome com o enredo, “Do Ventre da Terra, Raízes para o Mundo”, no qual a escola celebrará as raízes que servem de alimento a diferentes povos.

Com o roteiro traçado, a Unidos de Bangu preparou uma grande festa, na última quinta-feira (06/09), para escolher o samba que a conduzirá pela Avenida no sábado de carnaval. E a comunidade compareceu em peso ao tradicionalíssimo Bangu Atlético Clube, provando que na zona oeste germinou a raiz de um samba verdadeiro.

No bairro mais quente do Rio de Janeiro, a bateria Caldeirão da Zona Oeste, comandada pelo mestre Léo Capoeira, foi quem fez o caldo ferver, colocando a pista em ebulição. Vale lembrar que o quesito bateria foi o de maior nota no último desfile, atingindo os celebrados 30 pontos, um trabalho que enche de orgulho seus ritmistas e diretores, que não medirão esforços para conquistas ainda maiores no próximo ano. A cantora Lexa, rainha da bateria, marcou presença e esbanjou sorrisos à frente do Caldeirão.

Os intérpretes Luís Oliveira e Tem-Tem Jr. relembraram os principais sambas da agremiação, o que contou com a apresentação dos diferentes segmentos que semeiam aquela terra. Não faltou, é claro, o hino do Bangu Atlético Clube. A Unidos, em 1966, mudou suas cores de fundação (azul e branco) para o vermelho e branco, criando um vínculo informal com o time de futebol, que conquistou, naquele ano, o Campeonato Carioca pela segunda vez.

O aquecimento deu lugar a uma disputa acirrada. Seis sambas se apresentaram a partir de então em busca da aprovação como aquele que vai fazer parte da história da escola. Torcidas empolgadas sacudiram as apresentações.

Um dos destaques da noite, o samba de Diego Nicolau e cia, segundo a se apresentar, contagiou a quadra, entusiasmando os componentes, que multiplicaram o canto dos torcedores.

Mas quem teve motivos suficientes para pular quando a madrugada se aproximava do fim foi a parceria formada pelos compositores Samir Trindade, André Kaballa, Márcio de Deus, Wellington Amaro, Paulinho Ferreira, Henrique Costa, Fábio Fonseca, Fábio Martins, Neizinho do Cavaco, Júlio Assis, Marlon P. e Vinícios Sombra. O samba campeão contou com uma torcida muito forte, apesar de não ter sido a obra que mais movimentou o público, o que não reduz o brilho de sua vitória.

Que as raízes fincadas em Bangu na madrugada do feriado da independência possam florescer cores e alegrias para a sua comunidade.

Final de Samba Unidos de Bangu – Foto: Divulgação

Confira a letra do samba da Unidos de Bangu para o carnaval de 2019:

Estende o tapete da história
Pro amor mais antigo, meu pavilhão
Prepare o banquete da glória
Vem da Zona Oeste, essa devoção
Os Deuses vem coroar
Deus Sol iluminar
Do alto nascia, a força da vida
Por todos os cantos se espalharia
Pacha Mama é mãe
Do seu ventre um novo dia

Ouro do chão, terra molhada
Na sagrada fé, renegada
Matou fome da pobreza, foi a cura do mal
Nos salões da realeza, o prato principal

Parmentier, brilhou em Versalhes
De rainhas e reis,
Navegou outros mares
Tesouro à moda francesa
Chegou no Brasil “real”
A doçura do índio, antes de Cabral
Mãos plantaram um lindo matiz
As mãos que ergueram meu país
Da simplicidade do cheiro de mato
Na ponta da enxada o nosso retrato
Lá vem meu celeiro
Semeia Bangu pro mundo inteiro

Vamos plantar a paz
Chegou minha raiz, o caldeirão vermelho
Cresceu e não se desfaz
Alimenta esse povo guerreiro

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