Após 2 anos afastados da data original, o maior espetáculo da terra retorna ao seu calendário oficial.
Coube as escolas da série ouro abrirem a primeira noite de desfiles no sambódromo. Mesmo tendo alerta de fortes chuvas na cidade do Rio de Janeiro o público se fez presente no maior palco a céu aberto; mas não impediu que os desfiles iniciassem com um atraso de 30 minutos.
Podemos definir a primeira noite sem grandes surpresas e com um nível abaixo do esperado.
As grandes apostas não se concretizaram, em vista da expectativa que se criou com relação ao ensaio técnico que Unidos de Padre Miguel e São Clemente realizaram. As duas foram destaques da noite por conta da plástica apresentada e do gigantismo das alegorias. O quesito alegorias e adereços provavelmente será pontuação máxima de ambas agremiações.
Primeira escola a desfilar Arranco do Engenho de Dentro fez uma apresentação para continuar na série A. Com o enredo “Zé Espinguela – Chão do Meu Terreiro”, apresentou fantasias simples, mas bem vestida e com soluções alternativas. O casal de mestre-sala e porta bandeira fez uma apresentação correta apesar da bandeira ter enrolado devido a ventania na pista de desfile.
Lins imperial já iniciou com problemas. O desfile apresentava o enredo “Madame Satã: resistir para existir”, desenvolvido pelos carnavalescos Raí Menezes e Eduardo Gonçalves. Apenas uma parte da alegoria número 2 entrou na avenida e os destaques e composições vieram ladeando o que foi apresentado. Faltou canto na escola.
Vigário Geral contagiou a todos presentes com o seu enredo animado, o que favoreceu o canto forte da escola. A agremiação da Ilha do Governador veio contando “A Fantástica Fábrica da Alegria” através do olhar de seus carnavalescos Marcus do Val, Alexandre Costa e Lino Sales. Desfile leve e colorido. Deixou a sensação de que carnaval é brincadeira, mas brincadeira séria.
Em pleno carnaval, a Estácio de Sá trouxe para a Sapucaí uma das mais emblemáticas festas juninas do nordeste. O enredo “São João, São Luís, Maranhão! Acende a fogueira do meu coração!” desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Leite, a escola “berço do samba” deixou a desejar quando não apresentou a fantasia da ala de passistas. Gerou um desconforto na escola, mas a ala foi aguerrida, entrou na avenida e deu o seu recado. A bateria foi o ponto alto do desfile. Fantasias de bom gosto e bem realizadas.
Unidos de Padre Miguel entrou com pinta de campeã. “Baião de Mouros” foi o que trouxe a vermelho e branco de Padre Miguel. Os carnavalescos Edson Pereira e Wagner Gonçalves resolveram tratar a mistura do nordeste com o universo árabe, muçulmano e mouro. O boi vermelho sabe desfilar e empolgar seus componentes. As alegorias com ótimos soluções e enormes características da agremiação.
Acadêmicos de Niterói simplesmente passou na avenida. A caçula das escolas da serie ouro veio colocando o “Carnaval da Vitória” na Sapucaí, enredo defendido pelo carnavalesco André Rodrigues.
São Clemente desfilou como uma veterana e técnica. Apresentou o “Achamento do Velho Mundo”, enredo com a cara da escola e que proporcionou uma aproximação aos tempos áureos da escola de Botafogo.
Mesmo tendo problemas em sua alegoria, o elevador hidráulico não subiu e o carro passou pela avenida sem a visão dos jurados, deverá gabaritar. Deixou a avenida com a sensação de dever cumprido.
Saldo da primeira noite foi que apenas duas escolas realmente podem brigar pelo título: Unidos de Padre Miguel e São Clemente. Neste sábado mais oito agremiações completam a série ouro:
- União de Jacarepaguá
- Unidos da Ponte
- Unidos de Bangu
- Em cima da hora
- Porto da Pedra
- União da Ilha
- Império da Tijuca
- Inocentes
Por: Patrick Deimon e Raffah Baiano