CAPITÃES DO ASFALTO
Encerrando a série de reportagens sobre enredos com a temática infantil, o Carnavalizados traz o desfile da São Clemente de 1987, “Capitães do Asfalto” para fechar a sequência. Um desfile forte, impactante, arrebatador e crítico, no qual a agremiação da Zona Sul escancara uma dura realidade do nosso país (e que continua presente, mesmo 31 anos depois), a vida do menor abandonado nas grandes cidades. Após mostrar seis enredos lúdicos, com o lado divertido e prazeroso da infância, acreditamos ser fundamental destacar “Capitães do Asfalto”, pois é preciso ressaltar que nem sempre enredos infantis são ou devem ser tratados em tom de brincadeira ou de forma recreativa. Criança também é assunto sério.
Ao fim da reportagem, esperamos que você, leitor, faça uma reflexão, assim como nós, do site Carnavalizados, também fizemos: Que futuro nós iremos dar para nossas crianças?
Sobre Capitães do Asfalto
“Pequenino, triste feito um cão sem dono,
Tão cansado de viver e sofrer
Por aí perambulando
Não teve sorte
Seu berço não foi de ouro,
Seu pai não teve tesouro
É triste sua vida a vagar
— Seu moço, dê-me um trocado!
Eu quero comer um pão!
Sou menor abandonado
Neste mundo de ilusão”
Com esses versos, o samba da São Clemente começou a ecoar pela Sapucaí. E antes mesmo de vê-la pisar na passarela, o público já sentia no peito que a escola da Zona Sul viria com um tema muito forte.
O desfile foi uma mistura de sentimentos: pesado, mas arrebatador. Sombrio, porém empolgante. Melancólico e, ao mesmo tempo, vibrante. “Os componentes desfilavam com alegria, diante de uma plateia atônita. Ninguém sabia ao certo o que estava sentindo naquele momento, mas todos tinham a certeza de que seria um desfile marcante e inesquecível”, disse um internauta em um fórum de discussão. E a São Clemente, de fato, estava magnífica.
O público, em choque, recebeu a agremiação com brados, não de festividade, mas de apoio ao protesto que ela fazia naquele momento. Era uma alegria diferente, uma alegria que fazia refletir. Fazia pensar. Era visível a meditação da plateia, que observava a pura verdade bem na sua frente, nua e crua, escancarada.
Não foi a apresentação com mais estética, não havia tanta plástica, tampouco esplendor. Contudo, naquele ano de 1987, a São Clemente trouxe nas suas cores uma das feridas mais abertas da sociedade brasileira: os menores abandonados e a precariedade nos serviços de assistência ao menor. E com esse tema, fez um dos desfiles mais incríveis do carnaval carioca. Uma apresentação memorável e antológica, com uma crítica ácida.
Foi em 1987, aliás, que Ricardo Gomes, falecido no último mês de setembro, assumia a presidência da escola, posto que tomou conta com muita dignidade até 2007. Mais uma vez, o Carnavalizados demonstra sua solidariedade com a família forte e unida que gere a São Clemente.
À época, o presidente Ricardo, que atualmente, até o falecimento, estava como diretor de carnaval da São Clemente, afirmou em reportagem à TV Manchete que “a escola estava cansada de ser ioiô”, fazendo uma alusão à sucessão de rebaixamentos e ascensões (a escola havia subido em 1986), e apostando que esse desfile a firmaria na elite do carnaval. E a escola de Botafogo não só permaneceu no Grupo Especial, como recebeu uma honrosa sétima colocação, tendo seu desfile aclamado como um dos maiores do ano e da história.
Lá vem a São Clemente. Olha a Crítica!
O desfile da São Clemente de 1987 entraria para o hall de desfiles da agremiação com grandes enredos críticos. “Capitães do Asfalto” não só foi um dos enredos mais críticos da escola de Botafogo, como também foi um dos mais críticos que já passou pela passarela. A crítica em si já fazia parte do cartel de enredos da São Clemente na década de 80, porém foi com esse enredo dos carnavalescos Carlinhos D’Andrade e Roberto Costa que a escola consolidou a sua identidade. O desfile emocionou a Marquês de Sapucaí e proporcionou um dos melhores momentos da história da primeira agremiação da Zona Sul.
Os capitães da obra de Jorge Amado e do carnaval: o enredo
O enredo era uma adaptação do clássico da literatura nacional “Capitães de Areia”, do escritor baiano Jorge Amado. O título “Capitães do Asfalto”, obviamente, foi um trocadilho com o nome da obra prima, publicada em 1937.
O livro “Capitães de Areia” retrata o cotidiano de um grupo de menores abandonados, que vive nas ruas da cidade de Salvador, roubando para sobreviver e se escondendo num armazém em uma das praias da capital baiana. E em um contexto de luta de classes e ascensão de Getúlio Vargas ao poder, num período no qual a literatura nacional também começou a passar por grandes transformações, Jorge Amado lança uma obra considerada “social e proletária”, pois, pela primeira vez na história da literatura brasileira, um menino de rua, fora da lei, assumia o papel de protagonista. O livro de Jorge procura mostrar não apenas os assaltos e as atitudes violentas da vida bestializada desses menores que formam o grupo chamado de “Capitães”, mas também as aspirações e os pensamentos ingênuos, comuns a qualquer criança. Menores cuja vida desregrada e marginal é explicada, de uma forma geral, por tragédias familiares relacionadas à condição de miséria. “Capitães da Areia” é leitura obrigatória para qualquer um.
Os carnavalescos Carlinhos D’Andrade e Roberto Costa trouxeram para a Sapucaí uma discussão dura e muito acertada sobre a problemática social que descuidava, desamparava e discriminava o menor de idade em nosso país, tal qual o livro de Jorge Amado trazia. Seguindo uma linha política de crítica social já adotada nos anos anteriores, a São Clemente fez bonito, surpreendendo a todos e mantendo-se no Grupo Especial com um digno 7º lugar.
O enredo apelava para emoção no melhor sentido da palavra e mexeu com os sentimentos do público. Muitos foram às lágrimas vendo a realidade nua e crua passar na Avenida, toda uma crítica a uma sociedade injusta, desigual e preconceituosa que marginalizava quem mais precisava de amparo. Todas essas preocupações estavam ali na passarela. O período era sombrio, o país enfrentava uma crise, mas a situação dos menores abandonados no Brasil, apesar de gravíssima, não parecia incomodar muito as autoridades. A São Clemente deu voz a essas crianças e levantou a bandeira dos problemas sociais, fazendo isso, claro, da sua maneira irônica e satírica, que fez toda a diferença. O luxo contrastava com a pobreza e o enredo debochava da vida social das famílias ricas. Isso conquistou a todos. A escola foi ácida e colocou fundo o dedo na ferida.
O desfile
Primeira escola desfilar no dia 2 de março de 87, segunda-feira, a São Clemente já mostrou a que veio logo com sua Comissão de Frente: formada por nada menos que 14 meninos internos do antigo SAM (Serviço de Assistência ao Menor), órgão vinculado à FUNABEM (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor), instituída pelo governo federal, a comissão causou choque e emoção. A São Clemente apresentava ao público um grupo de meninos de rua de verdade.
A mensagem da abertura do desfile era bem clara: menores abandonados nas ruas, dormindo em praças, guardando e limpando carros, vendendo balas e picolés, engraxando sapatos. Filhos de pais pobres que se escondiam nas favelas e bairros carentes. Filhos da miséria, meninos e meninas que chegaram ao asfalto para tentar sobreviver às pressões impostas pelo capitalismo selvagem. Capitães do asfalto marginalizados e mal orientados, que não tinham saúde, nem educação, lazer, amor e carinho, condições (e direitos) estas indispensáveis para uma formação digna.
Um banco de praça ilustrava, no abre-alas, as crianças jogadas ao relento, a dormirem nas ruas da cidade, sem um teto, diante dos olhares de autoridades inertes. O Destaque do carro representava de forma brilhante a Noite, com uma fantasia toda preta cheia de estrelas prateadas. As esculturas dos chafarizes da praça representavam o Manequinho, o menor abandonado mais conhecido do Rio de Janeiro, que ganhou uma estátua em Botafogo. Mas os Manequinhos que rodopiavam no abre-alas tinham expressões mais desconfiadas e enfrentadoras, para simbolizar que não havia mais naquelas crianças a inocência da infância.
A segunda alegoria representava os vendedores de balas e picolés. O terceiro carro representava um imenso e luxuoso restaurante; na parte de trás da alegoria, crianças pobres catavam do lixo a comida que o restaurante jogava fora. A frente desse carro já anunciava isso com uma frase em letras amarelas na parte inferior: “eles estão no lixo”.
O segundo setor do desfile permitia diversas interpretações e diversas leituras. Roletas, dados e cartas de baralho simbolizavam a falta de sorte que esses meninos tiveram de não nascer em berços de ouro. Os elementos também faziam referência ao jogo como lazer dos milionários. E se referiam também como os jogos de azar, mostrando que os ricos podiam se dar ao luxo de tentar a sorte e o azar divertidamente em jogos, enquanto que os meninos pobres tentavam a sorte na rua, sem sucesso ou alegria.
Passistas vinham como cartas de baralho, baianas vestidas como roletas e ritmistas como coringas do carteado. Uma alegoria trazia roletas giratórias e baldes de champanhe gelado. Os jogos, o dinheiro, a diversão luxuosa e luxuriosa, que faziam o rico se esquecer dos menores e até dos próprios filhos.
Em contraste com a diversão e a luxúria da classe rica, o azar, a prostituição, as drogas e a criminalidade: chamou muita atenção uma única ala com fantasias totalmente brancas no meio de todo um desfile preto e amarelo. A ala representava a cocaína. Fato curioso, é que a ala era toda composta por funcionários públicos, da Secretaria Estadual de Habitação, todos de classe média. Mas o nome da ala não era “Cocaína”, nem nada que remetesse à droga; na verdade, chamava-se “Antes tarde do que nunca”.
A ala Sensação de Jornalista era a forma como o jornalismo enxergava a marginalidade como caso de segurança, e não de educação, com a sensação de que os menores abandonados brevemente virariam manchete das páginas de polícia. Os filhos de pais ricos eram herdeiros; os de pais pobres seriam manchetes sangrentas dos jornais de amanhã. Bandidos, presidiários. O pivete de hoje é o preso de amanhã. A ala nasceu na Escola de Belas Artes da UFRJ, e nela desfilaram o filho e o irmão do escritor Jorge Amado.
A São Clemente mostrava, ao mesmo tempo, que a situação de menores abandonados não era exclusividade da criança que vivia na rua: os menores ricos também eram abandonados sozinhos em suas casas confortáveis, esquecidos pelas próprias famílias. Uma das alegorias trazia os filhos dos ricos trancafiados em gaiolas de ouro, cercados de brinquedos caros e babás com mamadeiras e chupetas, que cuidavam das crianças no lugar dos pais ausentes. Um elemento trazia um cheque enorme, simbolizando que os pais deixavam apenas dinheiro para os filhos acreditando que isso seria suficiente, não havendo a necessidade de dar amor e carinho.
Fazendo bom uso da cor preta de seu pavilhão, a escola soube ilustrar com muita beleza o sombrio enredo proposto por seus carnavalescos, sem que ele ficasse pesado ou triste. A discrepância entre o luxo da vida do menino rico e a miséria da criança que perambula pelas ruas das grandes metrópoles foi muito bem representado do início ao fim do desfile. Para encerrar com chave-de-ouro, a apresentação da escola da Zona Sul viria com uma ala de crianças pobres mal vestidas, sem fantasias, carregando uma faixa com os dizeres “Constituinte, lute por nós!”.
Com 4.000 componentes divididos em 35 alas, a São Clemente marcou seu nome definitivamente na história dos desfiles da passarela.
Alô, Brasil! Felicidade nunca existiu no SAM: O samba enredo
Não se via (e hoje, mais ainda, não se vê) na Avenida muitos sambas em tom menor, mas em 1987 o samba da São Clemente caiu muito bem com o enredo. Sintomática, a belíssima letra tinha versos cuja alusão ao tema era um misto de poesia e constrangimento diante de um problema raras vezes tratado de forma tão ampla diante de uma multidão.
Composto por Manuelzinho Poeta, Jorge Madeira e Izaías de Paula, o samba em tom menor fez grande sucesso. Izaías, inclusive, tinha propriedade de causa: o compositor era ex-interno do SAM (Serviço de Assistência ao Menor). Sua experiência de vida permitiu que ele expressasse nos versos do inspiradíssimo samba a sua revolta contra o descaso com as crianças pobres do nosso país. Em uma entrevista concedida à TV Manchete, à época, Izaías, afirmou que não conheceu a história dos menores abandonados através do enredo; ele mesmo foi um menor abandonado e sentiu tudo na própria pele. O samba, na verdade, era um grito.
Considerado um dos melhores sambas-enredo de todos os tempos, a obra é muito diferente do que estamos acostumados a ouvir no Sambódromo. Mas ao mesmo tempo em que retratava a realidade do menor abandonado de maneira séria e um tanto quanto soturna, ainda assim foi um samba que sacudiu a Sapucaí. Em nenhum momento a composição inibiu os desfilantes e muito menos o público. Izaías, Manuelzinho e Jorge mostraram que é possível transformar a mais dura realidade em poesia e a mais angustiante dor, em arte.
Segundo o site de carnaval Samba Rio, Izaías fazia questão de ser o cantor principal apenas nos sambas que compunha. Ele mantinha um revezamento com Geraldão no microfone da Escola.
(Disponível em: http://www.sambariocarnaval.com/index.php?sambando=izaias)
Em entrevista ao site Carnavalesco ano passado, o atual presidente da São Clemente, Renatinho, comentou sobre a final de samba-enredo daquele ano, dizendo ter sido dramática. “Na época, o compositor Mais Velho, da Rocinha veio muito forte, com um samba lindo. Mas a parceria do Izaías e Manoelzinho Poeta também veio muito forte, torcida enorme, com o bairro da Rocinha todo presente. Na época eu era diretor de bateria, e quando o Izaías começou a cantar, toda a quadra cantou numa só voz. Ali, já vimos que seria campeão. Foram mais de 5 mil pessoas na festa, o samba é tão bom que todo mundo gosta de cantar até hoje.”
O cantor portelense Paulinho da Viola também falou durante a transmissão do desfile na TV sobre a escolha do samba-enredo da escola: “Eu gosto muito desse samba. Quatro sambas ficaram na disputa final e o samba escolhido é um samba em tom menor, que o carnavalesco considerou o menos triste. Os outros eram muito bonitos, mas eram tristes. Isso não é uma coisa muito comum hoje em dia, uma escola trazer um samba-enredo em tom menor”, finaliza.
Para o atual carnavalesco da São Clemente, Jorge Silveira, o samba da escola naquele ano foi fundamental para que o desfile causasse todo aquele impacto. “O fato de o desfile de 87 ter marcado tanto, mesmo com limitações financeiras, se deve ao samba. A força da letra tocava de maneira muito direta os problemas relacionados à infância. E é fundamental pensarmos que a matéria prima dessa manifestação cultural é justamente o samba. Somos Escolas de Samba. É por ele, para ele e através dele que a cultura popular se propaga. A força do samba é o maior patrimônio de uma escola. Por isso aquele desfile marcou profundamente, a verdade impressa na letra toca o coração da gente”, afirma Jorge.
Mais de três décadas depois, quase nada mudou
Para o novo carnavalesco da escola da Zona Sul, o problema exposto no desfile de 1987 continua atual. “Infelizmente, 30 anos depois, a sociedade ainda não é capaz de cuidar das suas crianças.”
Curiosamente, no Carnaval de 2017, exatamente 30 anos depois, Jorge Silveira, então na Unidos do Viradouro, levou para a Sapucaí um enredo que é justamente o contraponto ao desfile da São Clemente da década de 80: “E Todo Menino é um Rei”. O enredo falava sobre a pureza da juventude e a importância de permitir que a criança voe nas asas da sua imaginação através de brinquedos, brincadeiras e doces, e sonhe com a poesia da sua infância. Na sinopse da Viradouro, Silveira afirma que “cada criança é um pequenino Rei e a ele pertence seu reino inventado: seu castelo multicolorido, que abriga a poesia viva de sua imaginação. É seu direito e dever exercer a realeza de ser criança”.
Vice-campeão com a escola de Niterói, Jorge ressalta que a possibilidade de trabalhar um tema como a infância em dois extremos opostos é uma das grandes riquezas do Carnaval. “As duas abordagens tem caminhos opostos, e isso é uma das maiores riquezas que o carnaval possui: diversidade e liberdade. Um mesmo tema pode assumir infinitas interpretações, depende das referências usadas, o recorte, a abordagem. E é tarefa nossa trabalhar sempre pela manutenção dessa liberdade. É fundamental para saúde do carnaval”, ressalta.
Para ele, as escolas de samba são um dos grandes canais de comunicação popular que a nossa cultura foi capaz de produzir e justamente é através delas que precisamos trabalhar temas importantes da sociedade como esse das crianças. “Acho fundamental usar esse canal para tratar de questões que contribuam para enaltecer questões relevantes. Como artistas do carnaval, temos responsabilidade sobre o conteúdo narrativo apresentado na Avenida. A arte do carnaval precisa falar ao povo, as questões relevantes ao povo”.
Apesar disso, o carnavalesco crê que um desfile como o da São Clemente não funcionaria nos dias de hoje. “Hoje em dia um desfile como aquele enfrentaria críticas, mas com a força do tema, do samba, talvez ele causasse uma reflexão ainda maior. Agora, se a Escola me convidasse a revisitar o tema, certamente eu buscaria contextualizar os problemas pra geração de hoje. Atualizar a ideia é usar as referências da atualidade. Embora o problema seja o mesmo de 30 anos atrás, a geração que acompanha o carnaval hoje foi formada com outro manancial de referências.”
Ainda que o manancial de referências seja outro atualmente, o problema segue o mesmo: nossos menores continuam marginalizados. As instituições de assistência mudaram de nome, numa tentativa de maquiar o estigma de sua ineficiência, mas persistem em não proporcionar a intervenção adequada na vida desses pequenos. Menores ainda dormem em praças, debaixo de viadutos, e vivem à margem da sociedade por não terem condições de viverem uma vida digna, com saúde, educação, cultura e lazer. Não permitimos que essas crianças vivam suas infâncias como precisam viver: brincando. Sonhando. Aos oito anos elas já trabalham vendendo balas e engraxando sapatos. Essas crianças não conseguem sonhar para voar. E o que será delas no futuro, se em trinta anos nossas autoridades não aprenderam nada?
Encerramos nossa série juntando um trecho da sinopse da Unidos do Viradouro para o Carnaval de 2017 com um trecho do samba da São Clemente de 1987: “Dentro da infância cabe o mundo inteiro. (…) Não importa o limite físico: a bordo de seus sonhos, cada criança constrói um pequeno palco imaginário, onde seu olhar brilha cheio de vida e pureza.” Mas… “se hoje ele é mal orientado, será marginalizado nas manchetes do amanhã”.
Link do desfile:
https://www.youtube.com/watch?v=8BAFmXwXJxA
Letra do Samba:
Pequenino, triste feito um cão sem dono
Tão cansado de viver e sofrer por aí perambulando
Não teve sorte, seu berço não foi de ouro
Seu pai não teve tesouro
É triste sua vida a vagar
Seu moço dê-me um trocado
Eu quero comer um pão
Sou menor abandonado
Nesse mundo de ilusão
Enquanto o filho do papai rico
Desfruta do bom e o bonito
Do dinheiro que o pai tem
Lá vai o menino pobrezinho
Que acorda bem cedinho
Pra vender bala no trem
Muitas vezes é abandonado
Sendo bem ou maltratado
Na camada Funabem,
Alo Brasil
Felicidade nunca existiu no Sam,
Se hoje ele é mal orientado
Será marginalizado
Nas manchetes de amanhã
A São Clemente
Lembrou do seu existir
Somos Capitães de Asfalto
Na Sapucaí
Por: Claudio Rocha e Gabriel Cardoso