Com problemas de ordem técnica, a certinha de Ramos ficou fora do desfile das campeãs.
Quinta escola a cruzar a Sapucaí na segunda-feira (12), a Imperatriz Leopoldinense, celebrou o bicentenário do Museu Nacional com o enredo Uma Noite Real no Museu Nacional. A Escola destacou a importância da instituição científica mais antiga do país, que abriga a história das artes, cultura e ciências do Brasil, no prédio que foi morada da família real, localizado no Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista.
Para falar de um período clássico da história brasileira, a Escola de Ramos investiu em uma abertura com estilo.
Destaque para a Comissão de Frente, que já surpreendeu com uma belíssima fantasia que retratou a “nobreza dos pássaros em cortejo para o rei e a rainha”. Chamaram a atenção não só a fantasia, mas a coreografia: um resgate às tradicionais comissões com as quais a Imperatriz encantou no passado, antes da mudança estética deste setor para um modelo mais teatralizado. Sem elementos alegóricos, um grupo de bailarinos vestidos de pássaros e candelabros apresentou a agremiação.
Representando o rei e a rainha, a verde e branco fez uma merecida homenagem ao casal de mestre-sala e porta-bandeira, Chiquinho e Maria Helena. Mãe e filho protegeram o pavilhão da Leopoldina durante 20 anos, participando da conquista de seis títulos da Escola. Durante a evolução, cercados pelos pássaros, o casal voltou a empunhar a bandeira que defendeu por toda a carreira; e, assim, apresentam aos jurados o primeiro casal atual, Thiaguinho Mendonça e Rafaela Teodoro. Um acerto da coreógrafa, Cláudia Mota, que provou que o valor de uma agremiação está nos componentes que formam a sua comunidade.
No Abre-Alas o carnavalesco exibiu uma réplica da fachada do Museu, com o primeiro setor dedicado à nobreza que ocupou o palácio da Quinta antes da instituição. D. João VI, Pedro I, Pedro II, Teresa Cristina, serão os grandes cicerones da visita pelas diferentes salas de exposição.
Com 30 alas, o carnavalesco, Cahê Rodrigues, optou não por uma história cronológica, mas por ordenar seu desfile de acordo com as alas de visitação do Museu. No segundo setor dedicou-se a expor as ciências, com a origem e evolução da vida. Para falar do meteoro que tem destaque na entrada do Museu Nacional, o tripé “bailam meteoros e planetas”, traz em seu destaque “o anoitecer”, momento em que o museu ganha vida, segundo o enredo. A alegoria que pontua o setor levou para a Sapucaí uma das principais atrações, o fóssil de dinossauro que mexe com a imaginação dos visitantes.
O setor seguinte transportou à Passarela do Samba aos salões de vertebrados e invertebrados, com um carro alegórico sobre “o incrível mundo da zoologia”, que fez referência à permanente exposição homônima.
O quarto carro da Imperatriz voltou-se ao entendimento das antigas civilizações. Na alegoria, elementos do Egito e da cultura greco-romana ressaltaram o trabalho de arqueologia dos pesquisadores do Museu, revelando outra atração muito popular na instituição: o sarcófago e as múmias egípcias.
O quinto setor levou ao público os povos antigos das Américas, antes do descobrimento por Colombo e Cabral, com um carro voltado à antropologia e a etnologia tribal pré-colombiana.
Amanhece no museu e a Quinta da Boa Vista se abre ao lazer. As pipas ganham ares, os piqueniques invadiram os jardins. A última alegoria apresentou o paisagismo da Quinta, coroado pelo símbolo da Rainha de Ramos.
Cahê brindou a Sapucaí com um desfile em que prezou pelo requinte para transmitir um conceito clássico ao público. Chamada de Escola fria, a comunidade negou este título e cantou bastante o samba, conferindo animação à passagem até a Apoteose. A bateria Swing da Leopoldina, mais uma vez, foi um capítulo à parte. Conduzida pelo mestre Lolo, passou pesada e com ótima execução de bossas.
A Imperatriz Leopoldinense foi a 8ª colocada no Carnaval 2018.
Confira algumas imagens do desfile:
Por: Ruan Rocha, Gabriel Cardoso, Pablo Sander, Cristina Frangelli.