Carnavalizados

Missão: Carnavalizar a vida!

Nos conhecemos quase todos numa sala de aula em 2016, durante um curso sobre Jornalismo de Carnaval. Dentre muitos pontos em comum entre nós, o principal era que todos ali queriam fazer do Carnaval algo a mais em suas vidas. Criar algum tipo de projeto que aproveitasse um gancho com o maior espetáculo da Terra. Na verdade, estávamos no curso justamente pra isso, despertar ideias. Jornalistas, publicitários, historiadores da arte, desenvolvedores de projetos sociais, diretores de agremiações. E, acima de qualquer suspeita, apaixonados por Carnaval.

Alguma coisa boa tinha que sair, né?

Marcamos então nossa primeira reunião. E meia hora depois, o Pablo estava com uma vassoura e dançando como uma porta-bandeira, o Gabriel tocava um repique imaginário para uma câmera igualmente imaginária, e a Tainá imitava o Pixulé. E ainda ríamos aos montes dizendo que a Cristina agora era da Velha Guarda. Esse foi o nosso primeiro indício de Carnavalização.

Ideia mesmo que é bom, quase nenhuma. Mas percebemos ali, naquela suposta reunião de negócios, que algo nesse processo seria indissociável: se é pra falar de Carnaval, que seja com alegria.

Aos poucos o projeto começou a ganhar corpo e entendemos que não bastava ser só mais um site de Carnaval. Queríamos algo a mais. Queríamos transmitir para as pessoas essa alegria que a gente sente em falar de Carnaval. Contar histórias de vida, mostrar como é o processo por trás daquele desfile que todo mundo vê na Avenida.

Caiu então no nosso colo o verso do samba do Salgueiro de 2017: “É nossa missão Carnavalizar a vida”. Das duas uma: ou foi um sinal divino ou foi porque a Cristina é uma salgueirense doente que escutava esse troço o dia inteiro. Fiquem com a opção que parecer mais razoável.

Seja como for, estava feito: nossa missão agora é Carnavalizar. Ou seja, é transformar você em Carnaval. Te tirar desse lugar comum para mostrar que o Carnaval é muito mais do que aparenta ser e mostrar que todos podem ser um pouquinho mais carnavais. É a liberdade e a libertinagem. É nos permitir romper com uma normalidade opressiva, através da festa, e provar que o sagrado e o profano podem andar juntos, desde que possamos transitar entre o universo dos sonhos e o universo da materialidade.

Porque não é preciso esperar fevereiro para ser feliz de verdade e viver o lúdico. Porque o Carnaval é a materialização de um sonho de um ano inteiro. É feito com suor, sangue e lágrimas, mas é feito também com alegria e felicidade. É sonhar acordado no desfile na Avenida depois de passar noites em claro nos barracões.

Queremos contar as melhores histórias desse processo de sonhos, mas principalmente colaborar ativamente com o conhecimento e preservação da memória do Carnaval, que é uma história feita por muitas mãos, 365 dias por ano. Percebemos o quanto a história dessa festa carece de fontes para pesquisa, bancos de dados e informações preservadas. Prova disto, os começos dessa trajetória estão praticamente soterrados, levados na memória das guardas que já nos deixaram.

Por isso estamos aqui. É nossa missão proporcionar informação e entretenimento ao público, através do resgate da memória daqueles que deixaram e ainda deixam suas marcas na história deste espetáculo. Desde a costureira que dá o primeiro ponto num paetê até o gari que varre o mesmo paetê. Vamos falar de todo mundo. Até de você. Se você quiser, claro. E se tiver uma boa história pra contar.

Basta só se Carnavalizar com a gente. Vamos?

2 comentários

  1. Cristina, gostei muito dessa ideia, além de nova, valoriza os grandes profissionais que trabalham nos bastidores, alguns com responsabilidade na realização de obras tão espetaculares. Vou preparar uma lista de artistas que trabalhavam com amor e dedicação sem receber um tostão e o mais interessante, o seu pai está nela.
    Parabéns,
    Pedro Nobre

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