Foto: Gabriel Cardoso

Em desfile da Portela, a professora Rosa Magalhães vem ensinar como construir uma jornada rumo ao título

Atual campeã do Carnaval 2017, ao lado da Mocidade, a Portela agora conta com ninguém menos que Rosa Magalhães. A carnavalesca apostou numa mensagem humanitária contra a discriminação, a perseguição religiosa e a intolerância à diversidade dos povos, com o enredo: De Repente de lá pra cá e Dirrepente de cá pra lá. A Águia tratou da saga de imigrantes em busca de liberdade e paz, mostrando como judeus fugidos da Europa no século XVII, com destino à Pernambuco, tiveram papel fundamental na formação da cidade de Nova York.

Com um lindo efeito de ondas produzido pelo tremular de tecidos por bailarinos a embarcação da Comissão de Frente representou a Diáspora, com os povos errantes que tiveram que cruzar os mares em busca de um novo lar. Barco esse que se transforma em uma águia altaneira, símbolo da tradicional agremiação.

O tremular de tecidos e as águias formam uma composição com o chão e sobem o Abre-Alas, de extremo bom gosto, nas cores da Escola e protegido, no topo, pelo pássaro mais cultuado de Madureira. A alegoria remete à expulsão dos judeus de Portugal, início da história contada pela carnavalesca.

O segundo setor se dedica em exibir a chegada dos imigrantes holandeses ao nordeste. O segundo carro foi um gigantesco tatu, animal nativo de Pernambuco que teria encantado Maurício de Nassau. A alegoria lembrou um outro trabalho da carnavalesca, que levou o animal para um passeio na Sapucaí no campeonato da Vila Isabel em 2013, com a diferença de que o atual se abre, revelando componentes em seu interior.

O setor seguinte viu no olhar dos judeus sobre o nordeste um lugar de esperança. E o carro que compôs o setor representou a Recife holandesa, com a arquitetura colonial que edificou a região.

O momento seguinte do desfile exibiu a “triste sina” dos imigrantes. Em batalhas de reconquista da região por portugueses, foram novamente expulsos. Lançados ao mar, partiram para a Nova Amsterdã, que mais tarde se tornaria na cidade de Nova York. O quarto carro foi um navio pirata que conduziu os judeus nessa viagem. Sim, “essa gente aperriada foi seguindo”!

No quinto setor os judeus plantaram na nova terra um novo amanhã. E assim, a Escola desenvolveu em seu quinto carro a Nova Amsterdã, povoado com casas e moinhos que remetem à Holanda.

Para finalizar seu desfile, a campeã de Madureira trouxe “o sonho da irmandade entre os povos”, em um gesto esperançoso de união entre refugiados e habitantes dos locais que os recebem. Uma mensagem contra o preconceito e xenofobia, que mostra uma New York recebendo todos que lá chegaram.

Mais uma vez Rosa Magalhães deu uma aula em como contar um enredo. Um trabalho de pesquisa digno, contato cronologicamente e com imagens muito claras. Um desfile de muito bom gosto. Para os que estavam preocupados com o reencontro com a estética tradicional, após desfiles com toques de inovação do carnavalesco Paulo Barros, a professora mostrou que o clássico também pode ser moderno.

No carro de som, a voz potente de Gilsinho imprimiu a força da comunidade, que se alastrava pelas arquibancadas. A torcida portelense, afinal, é grandiosa. E depois de tantos anos em busca do título, estavam todos ansiosos por comemorar a vigésima segunda estrela colocada no céu e por lutar pela vigésima terceira. A simbiose com o público foi bonita de ver e garantiu um desfile ainda mais gostoso.

Ainda sobre a parte rítmica, a Tabajara do Samba, bateria do mestre Nilo Sérgio, passeou pela Sapucaí. Com uma levada mais cadenciada, não teve medo de apostar nas bossas e na introdução de triângulos para dar um ar nordestino ao desfile. Fez bonito!

A Portela foi a 4ª colocada do Carnaval 2018.

 

Confira as imagens do desfile:

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

 

Por: Ruan Rocha, Gabriel Cardoso, Pablo Sander e Cristina Frangelli.

 

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