Foto: Pablo Sander

Com “Namastê pra todo povo da Avenida”, Mocidade encerrou primeira noite de desfiles

A Mocidade Independente de Padrel Miguel apostou no casamento entre o Brasil e a Índia, com o enredo: Namastê… a estrela que habita em mim saúda a que habita em você, do carnavalesco Alexandre Louzada. A verde e branco da Zona Oeste falou da religiosidade, dos hábitos, da cultura e da influência indiana no país.

A Comissão de Frente trouxe um grupo de monges fazendo uma dança com defumadores, purificando a passagem da Escola, em companhia de um Sadhu, que é um monge andarilho que não corta os cabelos ao longo da vida. Durante a evolução o grupo dá lugar aos diferentes deuses cultuados na Índia. No topo do elemento cenográfico, Deus Indra solta raios furioso com o culto a outras divindades, em um efeito interessante, mas sem o impacto no público conquistado no desfile do ano anterior. Também compunham esse elemento os personagens Gandhi e Madre Teresa de Calcutá, citados no enredo e samba.

No grandioso Abre-Alas na cor branca, iluminado em verde, Ganesha destrói os obstáculos para a Escola da Zona Oeste passar, acompanhado da Santíssima Trindade, três deuses hindus, Brahma, Vishnu e Shiva, que são colocados como início, meio e fim da criação.

No segundo setor, o carnavalesco mistura as histórias de Brasil e Índia, a partir da história de que teriam os portugueses aqui chegado em uma tentativa de alcançar o país asiático. Neste ponto faz uma conexão entre os cultos indígenas e indianos. A segunda alegoria, então, retrata as matas brasileiras, no “florescer sob o céu Tupiniquim”.
O terceiro setor lembrou o Brasil colônia, com a chegada do cultivo de cana, que teria transformado os destinos do país, que ganhou destaque na terceira alegoria. A seda produzida em larga escala no Índia também foi lembrada, tendo vestido a corte por aqui, comercializada pelos escravos de ganho.

No quarto setor, desembarcam no Brasil os frutos estrangeiros que ganham aqui uma identidade nacional, como a banana, o coco, a pimenta, a manga, a jaca e o tamarindo. Todos tão naturais em nossa terra quanto no solo indiano. Na alegoria que compõe este setor, não só as frutas tiveram espaço, como as especiarias que nos deram aromas e sabores. As árvores frutíferas correlacionam igualmente a Índia com o samba, tendo a Mangueira batizado uma das mais importantes agremiações do carnaval; sob as sombras de uma jaqueira surge a Portela; e debaixo da tamarineira tantos sambas fizeram história vindos do Cacique de Ramos.

O quinto setor trata da vinda do zebu para o Brasil. Sagrado na Índia, o boi ganha espaço na economia e no nosso folclore. No alto da alegoria, a Escola apresenta os bois de Parintins, num destaque de consagração do animal.
Para encerrar o seu desfile, o sexto setor fez um “congraçamento de todas as crenças”. As alas fechando a passagem com o Holi, em um festival de cores. Na última alegoria, um templo Bahái promove o “triunfo do bem e da fé”, com destaque para a figura de Teresa de Calcutá e a estrela-guia, símbolo da agremiação.

A Mocidade entrou na Avenida com um samba elogiadíssimo desde o período de disputas para escolher que obra a representaria. A comunidade abraçou e cantou com vigor, como vinha fazendo em seus ensaios. No que tange ao ritmo, houve uma aposta em um andamento cadenciado para não prejudicar o belo arranjo melódico original, tendo a bateria Não Existe Mais Quente, comandada pelo mestre Dudu, feito uma excelente execução, sem oscilações ao longo do desfile.

Um belo desfile, mas que não atingiu euforia equivalente à provocada no carnaval passado perante o público. Há de se considerar que não é fácil fechar um desfile ao amanhecer, sendo a sétima Escola a cruzar a Marquês. Neste ponto, o uso das cores e luzes foi muito bem planejado para a iluminação natural que acompanhou o trajeto, não havendo prejuízos estéticos com a chegada do sol.

A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a 6ª colocada no Carnaval 2018.

Confira as imagens do desfile:

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Pablo Sander

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Pablo Sander

Foto: Gabriel Cardoso

 

 

Por: Ruan Rocha, Gabriel Cardoso, Pablo Sander e Cristina Frangelli

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