Carnavalesco Leandro Vieira - Foto: Alexandre Cassiano/Arquivo

Leandro Vieira lança exposição “Corpo Popular” no Paço Imperial e na Central do Brasil

Leandro Vieira, atual carnavalesco campeão, lança, dia 2 de dezembro, nova exposição no Paço Imperial do Rio de Janeiro: “Corpo Popular” é uma exposição multilinguagem, que debate a construção artística de fantasias de Leandro Vieira nos 10 desfiles que criou para o carnaval carioca, enfatizando quem as faz (os trabalhadores dos barracões) e quem as veste (os componentes das escolas de samba).

A mostra, que será cercada por diversas atividades complementares, acontece simultaneamente em dois lugares do Rio de Janeiro: no Paço Imperial e um trem transformado em galeria, parado na plataforma 13 da Central do Brasil, e que abrirá as portas para o público em seis sábados de dezembro e janeiro. No Paço, a inauguração acontece no dia 2 de dezembro, sábado, das 14h às 18h; na Central, na semana seguinte, 9 de dezembro, com conversa com o artista e a curadora, às 11h, e visitação durante todo o dia.

No Paço, a mostra se dedica ao folião, a quem veste a fantasia. São apresentadas duas instalações, uma videoinstalação, fotos, projetos para fantasia em técnicas distintas (aquarela, hidrocor, nanquim e outras), paletas têxteis, fac-símiles, fotografias, uma maquete e a reprodução em grandes dimensões de um croqui inédito para o desfile da Imperatriz Leopoldinense em 2024, batizado de Com a sorte virada pra lua segundo o Testamento da Cigana Esmeralda.

Na Central do Brasil, o Estúdio Sauá, que assina a expografia de Corpo popular em seus dois módulos, bolou uma ocupação capaz de ser montada e desmontada no início e no fim de cada sábado da mostra em cartaz. O vagão-galeria na Plataforma 13 é dedicado aos trabalhadores e artífices dos barracões, parceiros de Leandro na realização dos figurinos que o artista imagina. Serão apresentados depoimentos de costureiras, aderecistas e da assistente do carnavalesco; um “vocabulário visual” de Leandro; uma fotogaleria comentada de seus 10 desfiles no Rio; um segundo croqui inédito para o carnaval 2024; e uma versão em menor escala de Corpo em desfile.

“Conceber visualidade através de uma produção artística que é têxtil, pictórica e resulta num ornamento transformado em vestuário de caráter fantasioso que será performado em desfile, tornou-se não apenas a minha produção artística mais significativa, como também, uma marca que registra meu trânsito visual com os territórios, os anseios e os corpos periféricos que dialogam com a minha experiência suburbana”, diz Leandro.

“Assim, a exposição investiga esse processo que é particular, mas também coletivo, ampliando-o para um olhar minucioso que lança luz nas experiências corporais de homens e mulheres no estado pleno de suas performances carnavalescas. Enquanto  exibe as minúcias criativas do vestuário fantasioso que produzo como experiência artística, a mostra reflete sobre a participação de outros corpos na elaboração de uma experiência que atinge a plenitude a partir da incorporação ficcional possibilitada pelo traje criado.”

Para a curadoria de “Corpo popular”, criar módulos distintos no Paço e na Central do Brasil é uma forma de democratizar o acesso ao projeto, além de lembrar a importância histórica e contemporânea do trem para os cortejos. As escolas de samba amadureceram como uma organização social e cultural em comunidades que margeiam a linha férrea. Além disso, os trabalhadores dos barracões, parceiros dos carnavalescos nas execuções de fantasia, são majoritariamente usuários do trem, meio de transporte muito importante para assegurar a circulação de componentes nos dias de folia.

Outro ponto importante, segundo Daniela Name, é o desejo de mostrar o carnaval como uma espécie de museu em trânsito. “Corpo popular trata a obra de Leandro Vieira como um vetor para debater a fantasia de carnaval como uma modalidade artística que está em diálogo com uma coletividade de saberes na execução no barracão e também com outras linguagens, como a pintura, a escultura, o desenho e, é claro, a performance de canto e dança dos foliões”, explica a curadora.

“A obra de Leandro é importante catalisadora desse debate. Ele sempre esteve atento à importância da fantasia e, apesar de ter apenas 10 desfiles no carnaval carioca, já deu contribuições muito relevantes a essa linguagem. Além da relação com trabalhadores e foliões e com o trem, a mostra procura enfatizar a fantasia como uma reunião de imagens que tanto estão em trânsito no desfile, que tem uma duração no tempo e no espaço, quando são um trânsito no corpo dos componentes. Quando um artista como Leandro desenha uma imagem ou se apropria de outras que lhe são afetivas para criar uma fantasia, transforma o corpo em movimento do folião na galeria de arte onde aquelas imagens podem experimentar, de modo efêmero, o seu apogeu. Um artista do carnaval atento às possibilidades da fantasia pode transformar cada folião em uma galeria de arte viva, que pulsa, se mexe e respira, e que tem sua existência delimitada no tempo do desfile e no espaço da passarela.”

Com produção executiva da Museo e idealização da Caju, o projeto venceu o edital FOCA da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro e recebeu o apoio institucional da Supervia, da Riotur e do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense.

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