Os intérpretes de samba-enredo, conhecidos popularmente como “puxadores”, tiveram sua importância finalmente reconhecida: eles são agora considerados patrimônio imaterial da cultura. A decisão reforça o papel fundamental desses artistas, que há décadas dão voz às escolas de samba e são responsáveis por transmitir a emoção dos desfiles de Carnaval.
Mais do que cantar, o intérprete conduz uma multidão. É ele quem sustenta o ritmo, marca o compasso e, com potência vocal, garante que cada ala da escola cante em uníssono o enredo apresentado na avenida. “Sem intérprete não há desfile. A voz deles é a alma do espetáculo”, afirmam estudiosos da cultura popular.
Figuras lendárias como Jamelão (Mangueira), Neguinho da Beija-Flor, Dominguinhos do Estácio e Quinho da Salgueiro ajudaram a consolidar essa tradição. Suas vozes se tornaram inseparáveis da memória coletiva do Carnaval, marcando gerações de sambistas e foliões.
O reconhecimento oficial do Governador Claudio Castro – Projeto de lei do Deputado Dionísio Lins nº 920 – A/2023 – também abre espaço para as novas gerações de puxadores, que hoje equilibram tradição e inovação. Eles carregam a responsabilidade de manter viva a essência do samba-enredo, ao mesmo tempo em que introduzem novas formas de interpretação e arranjos musicais.
Mais do que artistas de palco, os intérpretes são guardiões de uma herança cultural que transcende o Carnaval. Suas vozes narram histórias, resgatam memórias e reforçam a identidade de um povo que encontra no samba um de seus maiores símbolos de resistência e alegria.