Imperatriz Leopoldinense Carnaval 2020 - Foto: Fernando Tribino/Carnavalizados

Segunda noite de desfiles da Série A ressalta o favoritismo da Rainha de Ramos e a força da Unidos de Padre Miguel

Na noite de sábado (22), sete escolas da Série A encerraram as apresentações do grupo no carnaval 2020. Acadêmicos do Sossego, Inocentes de Belford Roxo, Unidos de Bangu, Acadêmicos de Santa Cruz, Imperatriz Leopoldinense, Unidos de Padre Miguel e Império da Tijuca fizeram o público ignorar a chuva fina que marcou presença durante toda a festa. Foram vistos menos erros que no dia anterior e todas as escolas cumpriram com o tempo máximo de 55 minutos de exibição.

A Acadêmicos do Sossego foi a primeira escola a desfilar. Com o enredo Tambores de Olokum, a agremiação de Niterói celebrou as raízes sagradas, históricas e os personagens do maracatu, um cortejo negro nascido em Pernambuco e que é uma das mais importantes manifestações culturais do país. Na comissão de frente o coreógrafo, Jardel Augusto Lemos trouxe o próprio Olokum, senhor dos mares, em um cortejo com os tambores sagrados abrindo os caminhos para a Sossego passar.

Segunda apresentação da noite, a Inocentes de Belford Roxo levou para a avenida a rainha Marta, jogadora de futebol seis vezes eleita a melhor do mundo, um orgulho para o esporte brasileiro. Juliana Frathane preparou uma comissão de frente que retratou o sonho da menina que queria ser jogadora e hoje se consagra como a rainha do futebol. O ponto alto da Inocentes foi a bateria do mestre Washington, que arrancou palmas do público com uma bossa inspirada na música “We Will Rock You”, do Queen. Mas quem levantou a galera mesmo foi a própria homenageada. A passagem de Marta sacudiu as arquibancadas. O enredo foi desenvolvido por Jorge Caribé.

Em seguida foi a vez da Zona Oeste marcar presença na Marquês. A Unidos de Bangu foi a terceira a desfilar com o enredo Memórias de um Griô: a diáspora africana numa idade nada moderna e muito menos contemporânea. Pensado pelo carnavalesco Bruno Rocha, o enredo contou a história da escravidão sob os olhos de um Griô, que é um sábio contador de histórias da Velha África. A comissão de frente, sob a responsabilidade de Vinícius Rodrigues, apresentou a diáspora africana, com a escravização de reis e rainhas do Congo.

A sequência do desfile ficou a cargo da Acadêmicos de Santa Cruz, que fez uma viagem à cidade de Barbalha, no Ceará, com o enredo Santa Cruz de Barbalha, um conto popular no Cariri, executado pelo carnavalesco Cahê Rodrigues. A comissão de frente de Marcelo Chocolate e Marcelo Moragas simulou a dança de um canavial, agitado pelo vento, coreografado pela própria natureza. A última alegoria da escola bateu na grade da entrada da Sapucaí, o que deixou a todos apreensivos, mas o acidente não machucou ninguém nem teve conseguências para o carro.

A quinta escola a desfilar confirmou o favoritismo anunciado desde sua queda para a Série A. A Imperatriz Leopoldinense apostou na reedição do seu enredo clássico Só dá Lalá, homenagem ao compositor Lamartine Babo. Para o desenvolvimento do tema contratou o carnavalesco bicampeão do Grupo Especial, Leandro Vieira, que fez um desfile digno da elite do carnaval. O conjunto de fantasias chamava atenção pela beleza e acabamento. O mesmo para as alegorias. Estas apresentaram alguns problemas ao longo do desfile, como falta de iluminação, costeiro de destaque caído, entre outros detalhes. Ainda assim, ficou difícil para as outras escolas superarem o desempenho da Rainha de Ramos, que passou como se ainda desfilasse na primeira divisão do carnaval carioca. Quem levantou a Sapucaí foi a cantora Iza, que fez sua estreia como rainha à frente da bateria Swing da Leopoldina, comandada pelo mestre Lolo. O samba conhecido pelo público ajudou a manter quente o desfile. A comunidade, que por muitos carrega a fama de fria, mostrou toda a sua força para voltar ao Especial, cantando com muita animação durante todo o trajeto.

Se a Imperatriz mostrou a sua garra, a Unidos de Padre Miguel também cruzou a passarela do samba com cara de campeã. A escola, que tem sido uma das mais aguardadas na Série A nos últimos anos, apresentou o enredo Ginga, do carnavalesco Fábio Ricardo. A agremiação contou história da capoeira, que teve, inclusive, seus movimentos reproduzidos na comissão de frente de David Lima. Apesar do belo conjunto, a UPM teve de lidar com problemas de evolução. A demora na entrada de alegorias provocou um grande buraco na primeira cabine de jurados, o que pode prejudicar o seu desempenho na abertura dos envelopes.

Quem encerrou os desfiles da Série A foi o Império da Tijuca. No esquenta, a escola da Formiga sacudiu a Sapucaí ao relembrar o seu Batuk, samba que apresentou no Grupo Especial em 2014 e que segue vivo no coração dos sambistas. Neste ano, o enredo Quimeras de um Eterno Aprendiz ressaltou a importância da leitura e da educação, através da história do pedreiro Evandro dos Santos, que começou a catar livros na rua e por doações até montar uma biblioteca com um acervo de mais de 50 mil livros, na Vila da Penha. A idealização é do carnavalesco Guilherme Estevão. Na comissão de frente criada por Lucas Maciel, uma representação do homenageado contou com heróis da literatura para lutar contra o monstro do analfabetismo. Faixas com frases de valorização à educação e o conhecimento foram vistas ao longo da exibição, inclusive na bateria do mestre Jordan.

Confira as fotos da noite de sábado:

Acadêmicos do Sossego – Foto: Fernando Tribino/Carnavalizados

Inocentes de Belford Roxo – Foto: Fernando Tribino/Carnavalizados

Unidos de Bangu – Foto: Fernando Tribino/Carnavalizados

Acadêmicos de Santa Cruz -Foto: Fernando Tribino/Carnavalizados

Iza rainha de bateria Imperatriz – Foto: Fernando Tribino/Carnavalizados

Unidos de Padre Miguel – Foto: Fernando Tribino/Carnavalizados

 

Deixar uma resposta

Seu email não sera publicado. Campos obrigatórios *

*