Espetáculo " Matrizes" - Foto: Hugo Neves

Mangueira abre seu barracão com o Espetáculo ” Matrizes”

Estreia, nesta quinta-feira (04), terá participação especial da cantora Alcione

Uma das maiores riquezas do Brasil é a sua diversidade cultural. Da mistura de raças e povos nasceram ritmos, danças, costumes. Inspirada na pluralidade artística nacional, a Estação Primeira de Mangueira abre as portas de seu barracão e transforma sua fábrica de sonhos em um novo palco, por onde há de passar não só a sua história, mas o percurso histórico dos ritmos brasileiros.

Essa é a intenção do espetáculo que estreia nesta quinta-feira (04), no barracão da verde e rosa, na Cidade do Samba. Idealizado por Leandro Vieira –carnavalesco da atual campeã do carnaval, que conquistou o título ao contar a história do Brasil por novos e justos olhares—, “Matrizes” pretende proporcionar uma experiência única e inovadora, despertando emoções a partir de um repertório diverso, com o resgate de ritmos que formaram a identidade musical deste país de dimensões continentais. Passarão pelo palco o jongo, o caxambu, o choro, clássicos do cancioneiro popular; sem deixar de fora, é claro, os célebres compositores da Estação Primeira.

Uma experimentação inovadora do conceito à execução. Pensado para o restrito ambiente do barracão, habitualmente fechado ao público, “Matrizes” abre as portas deste lugar de curiosidade e expectativa, e transforma as alegorias do último desfile, as ferragens e materiais, em seu cenário: um personagem em si, vez que a proposta da escola é seguir com as apresentações mesmo durante o desenvolvimento alegórico do próximo carnaval. O contato com as estruturas no espaço onde elas são construídas promete ser o primeiro atrativo para os espectadores que sonham em visitar um barracão e entender que está por trás de tamanha beleza e grandiosidade.

Não apenas o palco, entretanto, é motivo de inovação e interesse. Para os que acreditam que um espetáculo realizado por uma agremiação irá se resumir a sambas de enredo com apresentações de ritmistas e passistas, a surpresa está garantida. O elenco da Mangueira, sua potência maior, tem presença garantida, logicamente. São 35 pessoas em cena, entre músicos, ritmistas, dançarinos e baianas. Mas a proposta vai muito além dos shows de quadra. Segundo Leandro Vieira, “Matrizes é uma possibilidade de contato de cariocas e turistas com dois ambientes artísticos fundamentais do samba: o barracão, matriz da criação artesanal do carnaval carioca, e do samba enquanto atividade musical ancestral”.

É baseado nisto que o show promove uma viagem entre os diversos estilos embrionários da música brasileira como a conhecemos. E para executar esse novo projeto artístico nada mais valoroso que dar lugar aos grandes profissionais da escola, que fazem da Mangueira um dos valiosos espaços de produção artística e cultural do Rio de Janeiro e do Brasil. São nossas agremiações, afinal, territórios de intensa produção da arte popular nacional.

Enquanto Leandro Vieira assina o roteiro e a direção artística do espetáculo, a direção de movimento ficou a cargo dos coreógrafos da comissão de frente da verde e rosa, Priscilla Mota e Rodrigo Negri, e de Ana Paula Lessa, bailarina e orientadora do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola. Já a direção musical coube ao compositor, músico e produtor musical, Alemão do Cavaco, diretor musical da Estação Primeira. Um time de estrelas selecionado ali, dentro de casa. Um exemplo e inspiração para as outras escolas, pois o trabalho passa um recado direto às coirmãs: os talentos estão em cada comunidade, é preciso olhar e valorizar para se reinventar e crescer. A existência de uma escola de samba, afinal, vai muito além do desfile: é o lugar de encontros, de manifestação e representatividade de um grupo social.

Em seu repertório, “Matrizes” conta com preciosidades como “Samba Agoniza Mas Não Morre” – autoria do presidente de honra da Mangueira, Nelson Sargento—, e clássicos como “Noites Cariocas”, “Delicado”, “Viva o Samba”, “Olha o Samba Sinhá”, “Escurinha”, “Sala de recepção”, “Canto de Ossanha”. Não poderiam faltar, é claro, alguns sambas-enredo emblemáticos da Estação Primeira, como, por exemplo, “Cem Anos de Liberdade, Realidade ou Ilusão” (1988), de Hélio Turco, Jurandir e Alvinho.

O show acontecerá todas as quintas-feiras, às 21h, em um espaço reservado dentro do barracão da escola, como destacamos anteriormente. Já na estreia (04/07), o espetáculo contará com a participação especialíssima da cantora Alcione, um motivo a mais para não perder essa festa. O Carnavalizados esteve presente na pré-estreia para convidados na última sexta-feira (28/06) e pode conferir o belo trabalho que os mangueirenses trazem para o público a partir de amanhã.

Segundo a direção da Verde e Rosa, além do aspecto de ter a oportunidade de fomentar a cultura e amplificar essa vocação natural da Mangueira, a proposta é que o show continue, até mesmo com a produção do desfile de 2020, e siga como uma grande e importante fonte de renda para a escola.

Que essa seja apenas a primeira de muitas iniciativas dentro das agremiações para fortalecer o samba, o carnaval, seu passado, presente e futuro. E que a Cidade do Samba possa, a partir daí, tornar-se um ambiente vibrante, não só como uma área de trabalho e ensaios, mas como uma arena que respira e desfila carnaval o ano inteiro, como era o esperado no momento de sua concepção.

 

Espetáculo “Matrizes” – Foto: Hugo Neves

Espetáculo “Matrizes” – Foto: Hugo Neves

SERVIÇO – Show “MATRIZES”

Data estreia: 04/07
Local: Barracão de alegorias da Estação Primeira de Mangueira na Cidade do Samba.

Endereço: Rua Rivadávia Correia, 60 – Bc 13 – Gamboa – Rio de Janeiro

Horário: 21h (abertura da casa 20:30h)

Estacionamento pago no local

Vendas: https://www.sympla.com.br/matrizes__566230

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