Há alguns anos, Leandro se desdobra na produção de visual para seus desfiles buscando alternativas plásticas que garantam beleza e possibilidades viáveis de reprodução. Segundo o Carnavalesco, em regra, seus projetos para o carnaval trabalham com orçamentos limitados e isso de forma inevitável, marca sua produção como artista.
– Meu processo de pesquisa visual envolve o aprofundamento de recursos plásticos que me garantam beleza competitiva. Desde a Caprichosos de Pilares, passando pela Mangueira e pela Imperatriz, uma das marcas do meu trabalho tem sido esse aprofundamento no que diz respeito ao uso da pena artificial utilizando-a como recurso plástico e busca de assinatura. Aprofundar o uso desse artigo é uma busca de aperfeiçoamento tanto do material, quanto da forma de utilizar – destaca o carnavalesco.
Diante do desafio de produzir um visual para a sua estreia no Império Serrano, Leandro Vieira diz ter pensado uma escola que em alguns momentos pudesse se apresentar com uma “pinta clássica” que tivesse diálogo com o imperiano que gosta de ver a escola com aquele visual “classudo” de escolas tradicionais. O artista debruçou-se então nos estudos para a utilização de um antigo desejo: a utilização do que chama de ‘pluma fake’.
O artigo, recorrente na estética carnavalesca, é comumente associado ao luxo de escolas abastadas e raramente visto em escolas que não desfrutam de uma condição financeira estruturada e sua utilização marca o visual do que é considerado a estética carnavalesca mais tradicional no imaginário coletivo.
– A produção e o uso da ‘pluma fake’ é um desejo antigo que me levou há muitas tentativas sem sucesso em anos anteriores. No Império Serrano, a parceria de desenvolvimento com o que o fornecedor batizou de ‘ecopluma’ me agradou e eu resolvi usá-la de forma definitiva. De longe é a velha e luxuosa pluma importada. De perto, um tecido picotado que fica enrijecido ao ser aplicado numa fina estrutura que pode ser moldada com as mãos – explica Leandro.
Questionado sobre o motivo que o levou a fazer o uso do artigo no Império, o carnavalesco exalta a escola.
– O Império é uma escola de vanguarda. Em muitos aspectos ‘saiu na frente’ lançando inovações que se tornaram tendência no carnaval. Pensar o Império é crer que o Império pode, e deve contribuir com alternativas para a festa, sobretudo, em tempos de dificuldades. Uma escola como o Império Serrano, seja lá em que grupo estiver, sempre deve se comportar como ‘um farol’ para as possibilidades de se pensar como fazer carnaval – finaliza Leandro Vieira.
O Império Serrano vai levar para a Sapucaí o enredo Mangangá, que contará a história do Mestre Besouro Mangangá, capoeirista baiano, que será desenvolvido por Leandro Vieira.