Foto: Claudio Lara

A importância de SORRIR para a memória

Selminha Sorriso e o Cultural do Estácio

 

“O que é memória? É a imagem viva de tempos passados ou presentes. Os bens, que constituem os elementos formadores do patrimônio, são ícones repositórios da memória, permitindo que o passado interaja com o presente, transmitindo conhecimento e formando a identidade de um povo.”

 

Patrimônio histórico: como e por que preservar

Muito se fala que a Cultura é o maior patrimônio de um povo, mas poucos são capazes de fazer algo em prol da cultura desse povo. Precisamos entender que a história não mora apenas nas páginas de livros ou nos frames de filmes, mas no esforço de preservá-la. Se eu fosse escrever um enredo, escreveria sobre pessoas que admiro e respeito por sua trajetória e por quase uma vida inteira dedicada ao Carnaval. Esse enredo teria mais vida pra mim, seria algo muito mais valioso, pois são personagens que fazem parte da vida dessa festa e da nossa memória.

Falo isso, pois esses dias recebi um comunicado avisando que, o Departamento Cultural do G.R.E.S. Estácio de Sá preparará um encontro com casais de Mestre-sala e Porta-Bandeira em sua quadra, como parte da homenagem aos 90 anos da agremiação herdeira da Deixa Falar. Dentre os convidados, teremos ninguém menos que Selminha Sorriso e Claudinho, atualmente porta-bandeira e mestre-sala da Beija-Flor de Nilópolis.

Minha relação sentimental com o Carnaval brota através desses encontros, da memória embutida neles, e do esforço do Departamento Cultural do Estácio em preservar essa memória. Departamento do qual tive a honra de ter participado, como diretor cultural até o ano passado. Tudo isso me remete a momentos especiais, circunstâncias que já se tornaram parte da minha memória afetiva do Carnaval. As representações, as relações entre indivíduos e grupos, que envolvem o compartilhamento de histórias. Quando tudo se relaciona a algum fato da vida, com uma carga emocional, isto se torna memória, afeto. Torna-se patrimônio. E tudo isso é maior pra mim.

Foto: Marcos Issa

É preciso que haja uma atenção para os trabalhos de pessoas interessadas em preservar a MEMÓRIA INSTITUCIONAL das Escolas de Samba. E que esses jovens consigam todo apoio e suporte necessário para desenvolver essas ações. E que essas ações sejam igualmente compartilhadas por todos os departamentos culturais como já fazem (muito bem) os da Portela, da Vila Isabel, do Salgueiro e Mocidade. A revitalização de valores perante a nova geração é necessária para que, antes de conhecer a História Geral do Carnaval, estes indivíduos possam conhecer a sua própria história, a história da festa e de sua agremiação, a história da bandeira de seu pavilhão e de pessoas que muito fizeram por ela.

Nunca escondi de amigos que a primeira escola de samba que torci e vi desfilar foi a Beija-flor de Nilópolis, e que me apaixonei por Pinah a Cinderela Negra quando a vi em cima de uma alegoria (essa na verdade foi minha primeira visão no Sambódromo quando subi aquelas arquibancadas. Ainda criança, levada por meus pais). E com isso veio a minha admiração pela escola de Nilópolis. Mas voltando ao casal, sempre tive uma profunda admiração e respeito por eles, e sempre adorei o sorriso dessa porta bandeira. Que mulher forte e guerreira! Ela, que já declarou que ganhou um concurso, quando muito jovem, para ser porta-bandeira por conta do seu sorriso. E que sorriso. Em 1992 – no desfile Paulicéia Desvairada–conquistou a todos com seu talento, no inesquecível desfile do Estácio. Era como se o seu sorriso fosse também parte da magia que interagia com aquela arquibancada. Era a magia da Avenida que ganhava força no giro que ela dava. Esse desfile foi de fato algo poucas vezes vista nessa Avenida! Minha memória afetiva para isso é sempre muito forte. Eu participei desse desfile assistindo de casa, com minha família, e nunca me esqueci desse momento! Fico imaginando o tanto de histórias que você deve guardar, querida Selminha, depois de mais 25 anos de Avenida e ao lado do seu mestre-sala, Claudinho.

Não posso aceitar que gerações futuras poderão deixar de conhecer e testemunhar o que determinadas pessoas representam e representaram para a cultura e para essa festa como a figura dessa querida porta-bandeira. Vocês têm noção disso!? O talento dessa maravilhosa mulher não está só no seu sorriso! Está na força da sua história de vida, sua garra, sua saga no Carnaval! Alguém tem dúvidas que esse encontro no Estácio com esse sorriso será algo espetacular e MEMORÁVEL? Eu não tenho! Obrigado por fazer parte da nossa história Selminha.

EVOÉ, AXÉ e SARAVÁ!

 

 

Serviço:

Roda do Departamento Cultural

Convidados: Mestre Dionísio, Adilson Almeida, Claudinho e Selminha, Alcione Carvalho.

Tema: “O Pavilhão e Seus guardiões”

Mediador: Pedro Figueiredo

Data: 28 de junho, quarta-feira

Horário: 20h

Entrada: Franca

 

 

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