Final de Samba Acadêmicos do Salgueiro - Foto: Ruan Rocha / Carnavalizados

O Terreiro treme! Parceria de Demá Chagas e Marcelo Motta conquista o Salgueiro em noite de decisão

Com o controle do fogo, raios e trovões, Xangô é o orixá da justiça. Nascido em Oyó, território hoje situado na região da Nigéria, reza a lenda que usou seu machado em uma pedra para liberar faíscas que derrotaram um exército inimigo, que dizimava sem piedade seu grupo de guerreiros. Equilibrado, ao vencer a batalha, recusou-se a exterminar os prisioneiros, devendo ser punidos apenas os líderes que lhes destinaram as ordens da guerra. E com o domínio dos raios, descarregou dos céus a força para derrubar um a um.

A união dessa potência com a de sua comunidade move o Salgueiro para o próximo carnaval. O carnavalesco Alex de Souza, em seu segundo ano na agremiação, é o responsável por construir e defender esse enredo dos sonhos da Academia. E como todo bom enredo necessita de um bom samba, os salgueirenses compareceram em peso à quadra da vermelho e branco na noite de quinta-feira (11/10) para cantar, sambar e decidir o hino para saudar Xangô, que soltará faíscas na Sapucaí, enchendo de brilho e luz a passarela do samba.

A rua Silva Teles, no Andaraí, foi tomada por torcedores e admiradores logo cedo. A quadra ficou intransitável. O que, aliás, é sempre esperado em noite de final em solo salgueirense. Antes do início da disputa o presidente de honra, Rafael Alves, e a gestora Regina Celi convidaram os veículos de imprensa para uma coletiva sobre a crise administrativa em que a escola se encontra. Rafael seguiu a linha de defesa dos advogados da chapa 1, declarando que a decisão da assembleia realizada no último dia 30 por uma nova eleição se deu pela falta de unanimidade dos sócios para aclamação da chapa 2 na presidência. Segundo Rafael, o novo presidente só seria declarado com 100% dos votos favoráveis, não por maioria.

A briga judicial, segundo declarou, tem atrapalhado demais os trabalhos da escola, principalmente no que diz respeito à conquista de patrocínios e investimentos em um cenário de crise de gestão. Apesar disso, foi enfático ao dizer que não vão desistir, reafirmando que a presidente que vai seguir à frente da escola é a Regina Celi, acompanhada por ele, como presidente de honra.

A disputa pelo poder na escola, como noticiamos no dia 4 de outubro, chegou a provocar a retirada de um dos sambas da competição por seus compositores. Na ocasião, a parceria de Miudinho do Salgueiro apresentou uma carta de desligamento do concurso.

Mas a noite da véspera de feriado reservava um confronto muito mais festivo: a escolha do samba que fará parte da história da escola. Uma noite que começou com o show Raízes, comandado pelo coreógrafo Carlinhos do Salgueiro, que reuniu seus dançarinos para uma apresentação que arrancou aplausos entusiasmados da plateia.

Os sambas antológicos que marcaram a história da escola não podiam faltar. Emerson Dias conduziu os salgueirenses por uma viagem pelos grandes carnavais da agremiação. Um aquecimento de respeito! A bateria Furiosa, comandada por Mestre Marcão, garantiu o ritmo explosivo da noite. À frente dos ritmistas, a rainha Viviane Araújo foi uma das sensações da noite, arrancando gritos, aplausos e olhares hipnotizados do público.Mas a razão da festa ainda estava por vir.

Quatro sambas chegaram à final. Apresentaram-se as parcerias de:

– Antônio Gonzaga, Danilo Garcia, Braguinha Jota, Bello, William Neves, Wagner M., Giselle Katar e Gilca Soares;
– Daniel Pereira, Zeca do Cavaco, Fernando Thompson, Zazá do Mello, Ferreira e Andrade;
– Luiz Pião, Raoni Ventapane, Diego Tavares, Gilmar L.Silva, Ademir Salles, Daniel X, Washingtn Motta, Domingos OS;
– Demá Chagas, Marcelo Motta, Renato Galante, Fred Camacho, Leonnardo Gallo, Getúlio Coelho, Vanderlei Sena e Francisco Aquino.

Mesmo com bom nível demonstrado em todas as apresentações, a última exibição mostrou superioridade ao conquistar o canto de toda a quadra e dos segmentos da escola. Um sinal de que a comunidade salgueirense já tinha um favorito.

A decisão veio para confirmar a aprovação do público. Emerson Dias deu início ao samba da parceria de Demá Chagas e Marcelo Motta, conquistando novamente o canto e a alegria salgueirense. Uma festa que pretende se estender até o domingo de carnaval, quando a Academia do Samba será a quarta escola a pisar forte na Sapucaí, soltando trovões de seus tambores e liberando faíscas de felicidade.

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