Laíla grande ícone do Carnaval Carioca - Foto: Fernando Tribino

Laíla, ícone do carnaval, morre no Rio

O carnaval carioca recebeu mais uma triste notícia no fim da manhã desta sexta-feira: o falecimento do diretor de carnaval, Luiz Fernando do Carmo, o Laíla, como aprendemos a chamá-lo e admirá-lo em mais de 50 anos de dedicação aos desfiles das escolas de samba.

Laíla estava internado desde o último fim de semana no Hospital Israelita Albert Sabin, no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, por complicações da Covid-19. Por volta de 11h30 desta sexta-feira (18), o carnavalesco teve uma parada cardíaca e veio a óbito.

Aos 78 anos de idade, Laíla deixa saudade a todos os admiradores do carnaval, festa em que contribuiu ativamente para tornar  em um espetáculo de excelência como o conhecemos. Iniciou sua carreira no Salgueiro, escola da comunidade em que nasceu, como Diretor de Harmonia. Em 1975 foi para a Beija-Flor de Nilópolis com o carnavalesco Joãosinho Trinta, onde conquistaram o tricampeonato entre 1976 e 1978. No início da década de 80, fez uma passagem pela Unidos da Tijuca até retornar à comunidade nilopolitana em 1989, para o histórico desfile Ratos e Urubus Larguem minha Fantasia. Em 1992 foi contratado pela Acadêmicos do Grande Rio, onde permaneceu até 1994. No ano seguinte retoma os trabalhos na Beija-Flor, dando início a um ciclo vitorioso com a Deusa da Passarela, onde conquistou mais 9 títulos até 2018, quando deixou a agremiação. Em 2019 esteve à frente da comissão de carnaval da Unidos da Tijuca e em 2020 comandou os trabalhos na União da Ilha do Governador.

A busca incansável pela perfeição eternizou um tipo sisudo e concentrado, jeito de quem não tem tempo a perder quando o assunto é dar o seu melhor. E assim o fez: imprimiu um selo de excelência, um plano e uma marca Laíla de se fazer carnaval, em que a disciplina tornou-se a chave para o sucesso. Por trás de tamanha seriedade, que aos desconhecidos parecia lhe acompanhar 24 horas por dia, mantinha um sorriso que conquistou muitos amigos, que hoje lamentam a falta que o mestre vai fazer na Terra.

Sua fé transbordava. Não iniciava um desfile sem pedir proteção e caminhos abertos para que sua comunidade pudesse fazer bonito na Marquês de Sapucaí. E pelo histórico que construiu, sempre foi ouvido. Que hoje os santos e guias a quem prestou tamanha devoção possam recebê-lo com um grande troféu nas mãos, um presente do mundo do samba a um verdadeiro campeão, que ajudou a fazer do carnaval carioca um espetáculo inigualável.

Nesta triste sexta-feira, que o samba ecoe em forma de oração como agradecimento a esses dois personagens que estão eternizados na história da cultura popular brasileira: um muito obrigado ao Mestre Mug e ao Laíla por dedicarem suas vidas a essa paixão transformadora que é o carnaval.

 

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