Com enredo sobre inovações, Vila reinventa fantasias e alegorias em busca do Título

Já deixou de ser segredo e todos contaram para alguém que o carnavalesco Paulo Barros é o senhor das invencionices do carnaval. Sempre em busca de algo novo para levar à Sapucaí, o enredo que projetou para a Unidos de Vila Isabel já criava expectativas sobre o tipo de novidades que veríamos na Avenida.

Com o título Corra que o futuro vem aí, a Escola de Noel foi a terceira escola a desfilar na noite de domingo e traçou uma trajetória de descobertas e invenções que trouxeram a humanidade até aqui: luz, roda, escrita, telefone, computador, fotografia, rádio, televisão, cinema, entre outras. E, ao final, questionou: “como será o amanhã?” e a necessidade de uma vida sustentável e em harmonia com a natureza.

“O mundo gira nas voltas da Vila. Rodas da vida que movem moinhos. No sopro de um novo tempo, força do pensamento. Descobrindo novos caminhos”. Com uma visão otimista e futurista, a Vila Isabel levantou a Marquês de Sapucaí. Com a força do canto da sua comunidade, a Vila pisou forte na avenida e deixou o seu recado.

Com a cabeça da escola toda em preta e azul, um dos pontos altos do desfile, a Vila veio com uma Comissão de Frente fantasiada de Leonardo Da Vinci, carregando projetores 3D que mostravam inventores, invenções e grandes marcas para a plateia.

O Abre-Alas levou o público ao delírio para receber o aniversariante da noite, Martinho da Vila, que cruzou a Avenida completando oitenta anos de uma vida inteiramente dedicada às artes, principalmente ao samba e ao carnaval. A alegoria trouxe diversas coroas, símbolo da Escola, iluminadas em Led, sendo que a principal – a maior, no centro da alegoria – ainda contava com um efeito de fogo em seu interior. Sobre ela, o destaque, Alexandre Maguolo, que acompanha todos os trabalhos de Barros, representou Thomas Edison, inventor da lâmpada elétrica. Todo o conceito dava início à primeira parte do desfile, voltado à luz e às transformações que o invento provocou nos caminhos da humanidade.

O 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira nos remeteu a outro desfile do carnavalesco, quando em sua passagem pela Mocidade Independente de Padre Miguel, em 2015. Na ocasião, Paulo Barros incendiou a fantasia da porta-bandeira, Lucinha Nobre, ao longo do desfile. Se naquela ocasião o fogo foi real e criticado como prejudicial ao desenvolvimento do casal, neste ano as chamas foram pura ilusão, em uma saia toda em luzes de Led, representando a descoberta do fogo.

O setor seguinte tratou da invenção da roda. A terceira ala chamou muito atenção, com fantasias compostas por duas grandes engrenagens laterais, controladas pelos componentes, que a giravam, causando um efeito bem interessante. Um carro composto de engrenagens chegou à invenção do relógio, que deu ao homem o controle do tempo, fazendo a vida acelerar. Mas quem levantou mesmo as arquibancadas na alegoria foram corredores em torno de um globo gigante, girando “nas voltas da Vila”. Um efeito no estilo Barros de ser.

A terceira alegoria também fez uso do componente para conquistar os olhares e aplausos. Um teclado gigante em que as teclas eram manipuladas pelo interior, como numa digitação automática, retratou a invenção da imprensa, momento em que o homem passou a registrar a sua história.

No setor voltado ao som e à imagem, a Vila trouxe um carro inspirado na televisão para falar da influência da luz na história das artes e meios de comunicação. A sensação desta alegoria mais uma vez veio da composição, com quatro grandes gruas girando seus integrantes e transmitindo imagens do público.

“Rumo às Estrelas” foi o quinto carro apresentado, trazendo uma grande nave espacial pronta para levar o homem ao espaço. Por fim, o sexto carro buscou a reflexão sobre o futuro, com invenções em equilíbrio com o meio ambiente, em cidades inteligentes e comandadas digitalmente.

A Escola de Noel fez um desfile interessante. Algumas fantasias com movimentos deram o tom de inovação. As alegorias não foram grandiosas, nem muito detalhadas, mas trouxeram efeitos que movimentaram o público, o que foi um diferencial na interação com o desfile. O povo do samba cantou, como de costume, tendo em vista que 100% das fantasias vão para uma comunidade apaixonada e muito dedicada nos ensaios. O intérprete, Igor Sorriso, fez mais uma bela apresentação na carreira, conduzindo o chão a evoluir sem perder a alegria. E a contestada bateria do Mestre Chuvisco manteve o ritmo e fez bela exibição, com marcações firmes e bossas de pressão; destaque para a significativa melhora do naipe de chocalhos da Swingueira.

 

A Unidos de Vila Isabel foi a 9ª colocada no Carnaval 2018.

 

Confira as imagens do desfile:

Foto: Gabriel Cardoso

Sabrina Sato – Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Carnavalizados

Foto: Carnavalizados

Foto: Carnavalizados

Foto: Carnavalizados

Foto: Carnavalizados

Igor Sorriso – Foto: Carnavalizados

 

Por: Ruan Rocha, Gabriel Cardoso, Pablo Sander e Cristina Frangelli

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