Final de Samba Portela - Foto: Fernando Tribino

Canta meu Sabiá! Parceria do Jorge do Batuke Traz Clara de Volta para Casa em Final da Portela

Rua Clara Nunes 81: pequena rua de grande encontros. Endereço de confluência de Oswaldo Cruz e Madureira; de uma das casas mais importantes do samba e toda a sua história.

Clara Nunes, 1981: no dia 30 de outubro, aos 39 anos, uma das mais influentes cantoras da MPB lança o disco Clara. Um estouro de vendas em uma carreira admirável. A primeira faixa do lado A do LP traz Portela na Avenida, um clássico que logo conquistou o país e ganhou o título de samba exaltação da agremiação de Madureira.
Portela 2018: A águia altaneira faz um voo rasante pelo rio caudaloso de gente que transborda pela rua Clara Nunes. Abrem-se as portas do número 81 para onde corre esse rio que passa na vida de todo sambista. Uma sexta-feira de gala no mesmo outubro que 37 anos antes se surpreendeu com o verso que dizia que o “povo na rua cantando é feito uma reza, um ritual”.

E assim, na última sexta-feira, dia 05, a Portela abriu os braços para receber sua comunidade apaixonada, a fim de escolher um hino a Clara Nunes. A cantora será a homenageada da azul e branco com o enredo, Na Madureira Moderníssima, Hei Sempre de Ouvir Cantar uma Sabiá. Assinado pela carnavalesca Rosa Magalhães, o tributo é o enredo dos sonhos de 10 entre 10 portelenses. Uma escolha nota 10 da atual gestão da escola, que pretende emocionar a Marquês de Sapucaí com a passagem de sua filha querida pelo palco que mais amava: a avenida!

A quadra foi tomada pelo público e pela ansiedade. A festa, não poderia ser diferente, começou com uma grande homenagem à cantora, realizada através da apresentação dos diferentes segmentos da agremiação. Crianças, passistas, velha guarda, baianas: todos reunidos para saudar a cantora. Um show que lembrou os orixás que guiaram a vida e a obra da Guerreira, filha de Ogum e Iansã. Um aquecimento excitante aos portelenses orgulhosos de habitarem o mesmo ambiente que um dia ouviu ecoar o canto de um sabiá iluminado, que voou pelo país e gravou seu nome na história da música brasileira.

A própria Portela também foi homenageada. Com a presença de integrantes da coirmã paulista, Nenê de Vila Matilde, os portelenses se sentiram prestigiados. A escola da zona leste de São Paulo levará para o sambódromo do Anhembi o enredo, A majestade do samba chegou! Corri pra ver, pra ver quem era. Chegando lá, era a Nenê e a Portela. Um encontro entre madrinha e afilhada, em que as duas águias vão promover a união de dois grandes carnavais.

Com uma festa desse tamanho, já passava de 3 horas da madrugada quando o palco foi aberto aos sambas concorrentes. Antes das exibições, o presidente Luis Carlos Magalhães destacou a importância do resultado daquela noite, em que as três obras vivas na competição vinham das mãos de compositores criados na comunidade, frutos da jaqueira. Demonstrando gratidão aos que vem de fora, o presidente valorizou o cenário deste ano. Em tempos de aumento do número de sambas encomendados por agremiações, fortalecer e renovar a ala de compositores é fundamental para o futuro do samba e do carnaval. Segundo o presidente, a intenção foi promover uma disputa em que todos tivessem condições de ganhar, não só as parcerias integradas por nomes “poderosos”.

Apresentaram-se, então, as seguintes parcerias:


– Jorge do Batuke, Valtinho Botafogo, Rogério Lobo, Beto Aquino, Claudinho Oliveira, José Carlos, Zé Miranda, D’Dousa e Araguaci;
– Thiago na Fé, Bruno Lima, Crisshow Portela, Carlinhos Petisco, França Junior, Machadinho, Filipe Acaf, Serginho 20, Henrique Hoffman e Paulinho Valença;
– Gaúcho, Camarão Netto, Nando Gigante, Wagner Muguinho, Pirique Neto, Thiago Maciel, Sergio Pinto, Fred Lima, Piter e Marquinhos.


O céu clareou e o azul viu o anúncio do samba campeão. A parceria de Jorge do Batuke foi a escolhida pelos votantes, refletindo o desejo da comunidade, que abraçou o samba durante a apresentação: o mais cantado e festejado da noite.  Dali em diante a manhã de sábado seguiu em festa. Feito uma reza, um ritual, o povo foi à rua Clara Nunes cantar Clara Nunes. A Guerreira voltou para casa para ver a “procissão do samba abençoando a festa do divino carnaval”.

Confira algumas imagens da final:

Grazzi Brasil e Zé Paulo Sierra – Defenderam o samba campeão – Foto: Fernando Tribino

Lucinha Nobre – Final de samba Portela 2019 – Foto: Fernando Tribino

Marlon Lamar – Final de samba Portela 2019 – Foto: Fernando Tribino

Intérprete Gilsinho Conceição – Final de samba Portela 2019 – Foto: Fernando Tribino

Mestre Nilo Sérgio e Bianca Monteiro – Final de samba Portela 2019 – Foto: Fernando Tribino

Emerson Dias do Salgueiro – Foto: Fernando Tribino

Final de Samba da Portela – Parceria de Gaúcho – Foto: Fernando Tribino

Parceria de Thiago na Fé – Final de samba Portela 2019 – Foto: Fernando Tribino

Parceria campeã Jorge do Batuke – Final de samba Portela 2019 – Foto: Fernando Tribino

Oxum – Final de samba Portela 2019 – Foto: Fernando Tribino

Iansã – Final de samba Portela 2019 – Foto: Fernando Tribino

Final de samba Portela 2019 – Foto: Fernando Tribino

 

 

 

 

 

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