Claudinho e Selminha Sorriso - Foto: Gabriel Cardoso

Beija-Flor é a campeã do Carnaval 2018

Sem ganhar um título desde 2015, Nilópolis ficou pequena para abrigar milhares de pessoas na comemoração de mais um campeonato.

A Beija-Flor de Nilópolis ressaltou as mazelas sociais brasileira. Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu. Com este enredo a Beija-Flor de Nilópolis encerrou os desfiles do Grupo Especial do carnaval carioca, com uma crítica dura à desigualdade social, e todas as formas de intolerância formaram o cenário “monstruoso”. Um paralelo entre a situação atual do país e a história do monstro “Frankenstein”.

A Comissão de Frente apresentou o mito de Prometeu, castigado por Zeus pela criação do homem com poderes somente atribuídos a deuses. Prometeu, imortal, é amarrado em uma rocha no Cáucaso e tem seu fígado devorado diariamente por um corvo, regenerando-se à noite.

O início do desfile traz a geleira, na fantasia do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Claudinho Souza e Selminha Sorriso, e em um tripé, uma referência ao começo do livro “Frankenstein”, de Mary Shelley. Ainda ligado diretamente à cena inicial do livro, o Abre-Alas vem como uma embarcação, que se relaciona não só à obra literária, mas à pirataria e exploração do Brasil desde o início da sua história.

A pilhagem do ouro, os impostos, a corrupção no mercado do petróleo e até mesmo a farra dos guardanapos da quadrilha do ex-governador, Sérgio Cabral, foram representados.

A segunda alegoria fez a sede da Petrobrás se transformar em uma favela. Puxado por um grande rato, fez ainda referência ao Congresso Nacional e às empreiteiras. Já neste ponto ficou marcada toda a linha do desfile adotada pela Escola de Nilópolis. A Beija-Flor cruzou a passarela trazendo alegorias como verdadeiros cenários. Sem o luxo e acabamento que são uma característica da agremiação, o foco para todos os carros foi direcionado a uma encenação, o que aconteceu igualmente ao longo das alas.

No terceiro carro, chamado “o abandono”, as dramatizações foram cruéis. Trabalhadores de um lixão; uma mãe a chorar sobre um policial baleado; caixões com corpos; assaltos na rua; e, no palco central, uma cena de violência nas escolas públicas, com alunos agressivos e armados.

No carro sobre a intolerância, placas com palavras como racismo, genocídio, feminicídio, preconceito, homofobia, transformaram-se na face do monstro criado por Victor Frankenstein.

O setor seguinte vem em busca da redenção, esperança e paz. Ressalta o carnaval como a capacidade de união e amor. Para este instante do desfile, o carro “ensinando a amar” trouxe a Velha-Guarda como a própria Beija-Flor como lugar de redenção e amor, dentro desse questionamento do carnaval como uma festa para preencher de coisas boas os corações dos foliões.

O desfile, então, é encerrado com um tripé para o perdão, que encerra também a obra de Mary Shelley, simbolizado por imagens estilizadas da Pietà.

Como de costume, o chão nilopolitano cantou com força um samba que também conquistou as arquibancadas. Considerado um dos melhores do ano, com uma imagem tão forte quanto poética, o samba funcionou muito bem na Avenida. Trazido com graça na voz do mestre, Neguinho da Beija-Flor, e com força pela bateria Poderosa dos mestres Plínio e Rodney.

Um desfile um tanto controverso. Alegorias transformadas em cenários; representações de imagens chocantes; muitas alas e composições com roupas normais como fantasias. O que vale para contar um enredo?

O modelo dramatúrgico foi realmente impactante. Como já é uma tradição, a última escola a desfilar no carnaval é seguida pelo bloco do povo, que pulou as grades e invadiu a Sapucaí, cantando em coro o samba na Praça da Apoteose.

Salve Laíla!!!

 

Confira as imagens do desfile:

Comissão de Frente – Foto: Gabriel Cardoso

Claudinho e Selminha Sorriso – Foto: Pablo Sander

Bateria – Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Gabriel Cardoso

Foto: Pablo Sander

 

Por: Ruan Rocha, Gabriel Cardoso, Pablo Sander e Cristina Frangelli

 

 

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