Portela 2017 - Foto: Armando Paiva

Velha Guarda: os guardiões da Memória

“Eternos guardiões de nossa cultura. Fiéis depositários dos tempos já idos. Faróis clareando a noite escura. Iluminam os caminhos já percorridos”. Átila Preto Velho

 

Guardiões da memória, dos valores tradicionais de uma cultura genuinamente brasileira, a memória da Velha Guarda é a garantia desse sentimento de identidade e pertencimento, baseado na consciência de um passado comum, prova viva de um sentimento forte, que conduz a um tempo em que o samba era a voz maior.

Velhas Guardas são testemunhas de um tempo passado que nunca se acabou e que fala às nossas almas.  “Tudo é autêntico: as palavras, as vozes rudes, graves ou agudas, que parecem saídas do ventre da terra, o ritmo inconfundível, o imenso amor pelas cores da escola, um soberbo desinteresse por tudo que não vem de lá, um misto de altivez e alegria de falar de sua gente”, diagnostica Rachel Valença.

Mangueira 2017 – Foto: Leo Queiroz

Eles carregam em seus corpos e em seus corações a memória de um saber coletivo, das tradições culturais, entranhadas nos espíritos de cada um, e se fundem às experiências atuais contribuindo, para a preservação da memória do carnaval. Entre seus integrantes permanece a enorme saudade, daquilo que, em algum lugar do passado, o grupo se tornou parte significativa de suas vidas. Mesmo daqueles que se foram, suas obras permanecem vivas. Aqui, a morte passa a ser somente um detalhe: basta ouvir suas canções para que a emoção os faça renascer.

Os valores herdados pelo convívio comum nas quadras das escolas de samba transmite a sensação de que todos gostariam de participar daquele grupo. Cada quadra de Escola de Samba carrega suas histórias e suas rodas, e tornam-se espaços de diferenciação e identificação do sambista.

Ensaio Técnico Salgueiro 2017 – Foto: Bruno Martins

Sua sabedoria e experiência transcendem o tempo, pela necessidade de fixar a essência do passado e de experimentar novas sensações. Ao se adaptar aos tempos modernos, a Velha Guarda reconstrói o passado, entregando-o renovado e revitalizado aos sambistas que surgem.

Das cabeças brancas esperamos a lembrança de um vasto repertório cheio de histórias pra contar. Em suas conversas notamos uma experiência profunda, repassada com nostalgia, saudade, revolta, resignação pela mudança das paisagens caras, pela desaparição de entes queridos.

Império Serrano 2017 – Foto: Raphael David/Riotur

São fundadores, ex-presidentes, compositores, mestre-salas, porta-bandeiras, passistas, ritmistas e intérpretes que trazem a força e legitimidade de suas raízes. Pessoas simples que trazem à tona, os antigos saberes, a experiência vivida, momentos e passagens da história do carnaval.  No passado vivido, as ações e representações de suas memórias podem ser o mais valioso registro da contribuição desses sujeitos para o Carnaval. E, constitui o aspecto mais tradicional dessa festa, símbolo maior de autenticidade e respeitabilidade de uma Escola de Samba.

Salve o Samba! Salve as raízes! Salve a Velha Guarda!

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